quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Apresentação

Carcará é uma chapa formada por estudantes de várias turmas do curso de pedagogia e através dessa carta programa vem apresentar aos estudantes algumas reflexões e propostas para o centro acadêmico.

Vivemos em um período de grande retirada de direitos, são inúmeras as medidas que atacam a educação pública tanto em nível Estadual, quanto Federal, transformando-a cada vez mais em uma mercadoria. Essa lógica ganhou bastante evidencia no primeiro semestre desse ano, quando as estaduais paulistas foram alvos de um dos maiores ataques dos últimos anos, os decretos do governador Serra, que feriram a autonomia das universidades, impediam à contratação de professores e funcionários, além de contingenciar as verbas já escassas do ensino superior público. Os estudantes da FE foram protagonistas neste processo e juntamente com as demais categorias travaram uma das maiores lutas dos últimos anos. Carcará é uma ave que simboliza resistência e nossa chapa se propõe a resistir a todos esses ataques e a lutar pela valorização dos profissionais da educação, em particular, e da coisa pública em geral.

Entendemos o centro acadêmico como um importante espaço de vivência, interação e formação dos estudantes, que deve realizar atividades que permitam uma maior aproximação e participação das diferentes realidades que permeiam o curso de pedagogia, assim como toda a FE.

Reconhecemos as múltiplas visões à cerca de um centro acadêmico, nosso desafio é aproximar tais visões, aumentando assim a participação dos estudantes e tornando este espaço cada vez mais democrático.

Faculdade de Educação

O curso de pedagogia da FE da Unicamp é dotado de muitas especificidades, a maioria dos estudantes são também trabalhadores e, conseqüentemente, têm acesso reduzido à vivência universitária tanto em termos estruturais como bibliotecas, quanto aos espaços culturais, exposições, festas, etc., cabe aí ressaltarmos os estudantes do Proesf e Pefopex, todos professores em exercício.

O campo de atuação do profissional da educação é bastante amplo e desafiador, pois seus profissionais exercem um papel de grande importância social. O curso de pedagogia carrega a responsabilidade de propiciar uma formação plena que concilie teoria e prática de forma reflexiva e crítica. Para que isso aconteça é necessário avaliarmos a estrutura de nosso curso, tal qual as diretrizes que o permeiam. Nesse contexto o Centro Acadêmico tem que se propor a atuar em consonância com a realidade dos estudantes, lutando pela valorização dos profissionais da educação e pela garantia de uma formação de qualidade.

Nossa chapa propõe:

  • Incentivar a participação nos órgãos colegiados como, por exemplo, a Comissão de Estágios, Congregação, dentre outros;
  • Construir em conjunto com os demais estudantes a avaliação de curso;
  • Criação de espaços de discussão em Americana;
  • Promover atividades que integrem os pólos de Americana e Campinas;
  • Incentivar os debates entre os cursos presentes na FE (Pedagogia e Licenciaturas);
  • Construir a Semana da Educação, entendendo que este é o momento de aprofundarmos os debates que permeiam o curso de pedagogia e o contexto que a Educação está inserida;
  • Discutir as ementas das disciplinas que, muitas vezes, não correspondem ao que é aplicado na prática;
  • Lutar pela contratação de mais professores;
  • Fazer debates sobre formação continuada;
  • Fortalecer a unidade com os pós-graduandos, promovendo atividades com a APGFE.

Educação Pública

A cada ano que passa se intesensifica os ataques à educação pública.O mais recente programa do governo federal que afeta a educação como um todo é o Plano de desenvolvimento da Educação (PDE), o chamado PAC da educação, que vem no sentido de desresponsabilizar o Estado da garantia dos direitos sociais, aprofunda o sucateamento da educação, com medidas como o Reuni que coloca para as universidades federais a meta de aumentar as vagas nas universidades com aumento irrisório de verbas propondo que a relação professor/aluno aumente de 10 alunos por professor para 18, tornando o trabalho docente ainda mais precarizado. A Reforma Universitária é um dos projetos que vai na contramão do ensino público de qualidade, com medidas como o PROUNI que em primeiro momento parece vir no sentido de “democratizar” o acesso à educação superior, na prática se coloca como mais um meio de fortalecer a iniciativa privada: o dinheiro que deixa de ser arrecadado com a isenção de impostos das instituições privadas se investido nas universidades públicas dobraria o número de vagas.

Como forma de reação a todos esses ataques foi criado um instrumento de organização de todos aqueles que lutam em defesa da educação pública: a Frente de Luta Contra Reforma Universitária (FLUCRU) que é composta por mais de 179 entidades entre executivas, CAs, DCEs, grêmios, a frente de luta teve crucial importância no impulsionamento das mobilizações ocorridas nesse ano, por isso acreditamos que devemos continuar construindo essa alternativa.

Outro ponto a ser discutido é a campanha contra as punições de estudantes, pois a Unicamp respondeu às movimentações aqui ocorrida no primeiro semestre com punições. Pelo menos 8 participantes do movimento estudantil receberam convocatórias para prestarem depoimento de um movimento que foi coletivo. Acreditamos que quem luta pela educação pública não deve ser punido, por isso nos colocamos contrário às punições.


Propomos:

  • Promover debates sobre os projetos que tangem a educação (Reforma Universitia, PDE, entre outros);
  • Continuar incorporando a Frente de Luta contra Reforma Universitária (FLUCRU);
  • Participar da campanha contra as punições da Unicamp;
  • Lutar contra qualquer medida que privatize e destrua a educação pública.

Cultura, lazer e esporte

A chapa Carcará entende a importância da prática esportiva, mas ressalta que o esporte não deve seguir à lógica meritocrática e individualista de competição, nem servir de instrumento de exclusão, mas sim, como elemento que propicie a interação e a integração entre as pessoas.

Afirmamos que o Centro Acadêmico é um espaço importante de formação e vivência, e para isso, devemos promover espaços lúdicos, exposições de artes plásticas, cênicas e musicais como formas de intervir em nosso cotidiano e de nos aproximar.

Numa universidade em que toda sua estrutura solidifica a competição e o individualismo (vestibular, C.R., proibição de festas, entre outros), as atividades de lazer são espaços de integração e questionamento, pois, a gente não quer política, a gente que política, diversão e arte!

A nossa chapa propõe:

  • Criar uma comissão de esportes aberta que incentive a prática esportiva reflexiva como espaços de integração entre os estudantes;
  • Realização de festas e saraus;
  • Realização de uma mostra de filmes temáticos;
  • Incentivo às atividades e práticas culturais como o “Dia de Integração Cultural”, no qual acontecerão atividades e intervenções artísticas e culturais durante todo o dia;
  • Continuar realizando espaços como o pipoCAP, CAPuccino, CAPiquenique, CAPirinha entre outros, pois são também espaços de descontração e integração.

Comunicação

A necessidade e importância de fazer com que todos os nossos debates e todas as nossas atividades cheguem ao maior número de pessoas, coloca a comunicação em um papel de destaque, pois é por meio dela que conseguiremos manter o diálogo entre o Centro Acadêmico e o restante da Faculdade de Educação.

Como instrumentos que podem auxiliar nesse processo, nós propomos:

  • A criação de um mural no pólo de Americana, para facilitar a comunicação entre os dois pólos ( Campinas e Americana);
  • Edição de boletins que tragam informações acerca das ações do Centro Acadêmico;
  • Intensificar o uso do site, do blog e das listas de email, que permitem atualizações constantes e que têm alcance bastante abrangente e fácil;
  • Estabelecer uma linha de comunicação entre o Centro Acadêmico e os representantes de sala.

Combate às opressões

A opressão de gênero, orientação sexual e etnia é algo presente em nossa sociedade. A cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil, são inúmeros os casos de violência física ou moral contra os GLTTBs , negros e negras. Enganam-se aqueles que pensam que a opressão não atravessa as cercas da universidade, são comuns e socialmente aceitas a vinculação entre o homossexualismo e o Instituto do IA, além disso cada vez mais a violência contra as mulheres se intensifica na Unicamp, culminando em um grande aumento nos números de assédio sexual, espancamentos e estupros no campus.

O CAP deve ter o importante papel no sentido de debater esta questão. Na Faculdade de Educação isto se torna imprescindível, afinal de contas temos um curso onde a concentração de mulheres é enorme caracterizando os cursos ditos "femininos".


Por tudo isso a chapa "Carcará" propõe:

  • Ser contrário a qualquer tipo de manifestação machista, racista e homofóbica;
  • Incentivar a realizar de fóruns de discussão sobre opressões (o papel da mulher na sociedade, machismo, homofobia, racismo etc), de modo a conscientizar a comunidade acadêmica;
  • Participar da III parada universitária da diversidade da Unicamp que acontece no mês de julho aqui na universidade

Externo

O Centro Acadêmico é um dos importantes espaços de organização dos estudantes, mas deve-se ressaltar que não é o único. Os estudantes de pedagogia também podem participar das Executivas Estadual e Nacional de Pedagogia, que reúnem estudantes de diferentes universidades para discutir e propor ações acerca da educação e de nossa formação. Nesse mesmo viés, devemos lembrar da importância da participação estudantil no DCE, além do diálogo com os demais CA’s, pois a circulação de idéias contribui para nossa formação e pensamento crítico.

Como proposta:

  • Manter diálogo com as Executivas Estadual e Nacional de pedagogia, incentivando a participação em seus espaços como encontros, conselhos e fóruns COPEPe, FONEPe , ENEPe), e promovendo debates dos temas propostos por essas entidades;

  • Construir e incentivar a participação dos estudantes no XV Encontro Paulista dos Estudantes de Pedagogia (EPEPe), que será realizado no primeiro semestre do próximo ano aqui na Unicamp.

  • Manter o dialogo com os outros CA e DCE, a fim de promover atividades conjuntas.